#13 Agir com urgência!

Hoje resolvi parar um pouco nesta frase desafiadora de Rousseau. Ao contrário do que ele gostaria, resolvi meditar nela.
 
Antes ainda de deixar o meu parecer, relembro ainda outra frase dele: “A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo, forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente”.
 
Se de facto há muitas outras matérias em que concordo com as teses de Rousseau, nomeadamente quando afirma que: “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”, na matéria da meditação: situamo-nos em caminhos opostos.
 
Porque é urgente meditar para melhor agir. E meditar é também agir e onde é precisamente mais importante.
 
O Homem deve agir de dentro para fora, meu caro Rousseau.
 
Se a sociedade corrompe o homem, se a educação nos tenta assustadoramente fazer iguais, se a religião é por inúmeras vezes um ópio que adormece o povo com a construção de um falso Deus castigador que aplica um conjunto de normas e regras, é precisamente na meditação que está o segredo da acção concreta.
 
Precisamente da acção objectiva, por contraposição à dormência subjectiva em que nos encontramos mergulhados.
 
Quando se medita, descobre-se a chave para a portão celestial. Para o verdadeiro Deus, se assim lhe quisermos chamar.
 
Quando se medita, agimos no nosso interior. E quando agimos no nosso interior, com essa verdadeira medicina geral, saímos mais fortes e mais determinados para a acção cá fora.
 
Por isso, meditar é o mais enérgico acto, ainda que operado sem qualquer força ou pressão.
 
Paradoxal? Certamente. Para quem nunca experimentou.
 
É agir em silêncio. Agir sem mexer um dedo, sem exprimir uma palavra. Agir de facto a sério, na nossa maior doença e na maior fonte de todos os problemas, que afinal contém também todas as soluções: NÓS!
 
Com o treino, realizamos cirurgias cada vez mais densas e mais complexas. Vamos à medicina especializada. A cada detalhe, a cada pedaço milimetricamente desajustado, então corrigido. Sempre com o amor incondicional como máximo denominador comum. 
 
E quanto à solidão, Rousseau… também aí estamos em desacordo. Todos somos profundamente sós. E é precisamente aí que nos complementamos.
 
Porque só quando temos a perfeita noção de quem somos e percebemos a posição verdadeiramente única que cada um de nós apresenta: é que compreendemos que é precisamente isso que nos faz iguais e complementares. 
 
O facto de sermos únicos, (cada um de nós), define-nos enquanto conjunto, como um enorme organismo vivo com uma missão enorme a desempenhar.
 
Tanto que haveria a dizer… mas hoje fico-me por aqui.
 
 
Vou mas é meditar, que tenho muito que fazer e não há tempo a perder.