#171 Vou em frente

À medida que os anos passam e as viagens se multiplicam, constato, que as mais profundas são sem dúvida as que efectuei ao meu interior.
 
No mais absoluto silêncio, na mais desafiadora solidão.
 
O fim de Novembro caminha a passos largos e com ele: novo final de ano… Como se o tempo pudesse ser medido pelo calendário. Como se o relógio contasse, para o que quer que fosse, nesta dinâmica dialéctica entre observador e observado, entre o participante que se torna cada vez mais simultaneamente observador. Dos outros… mas essencialmente de si mesmo.
 
Ir em frente, surge portanto, como o maior dos desafios, estabelecidas que estão as marcas que me definem a personalidade, com os seus prós e contras, para a sociedade em que vivemos. Em que ainda vivo.
 
Saborear o sabor da vertigem, apresenta-se ainda como o néctar predilecto, mas reservado cada vez mais para ocasiões especiais.
 
Porque se de um néctar se trata, não pode jamais ser banalizado. Nem sorvido, sofregamente.
 
Deve ser, isso sim, delicadamente pousado no palato do espírito e voar lentamente, até repousar no âmago da memória, mas sem apegos ou aversões que se querem cada vez: passageiras. 
 
A sabedoria, que vem necessariamente com o tempo e com as suas vivências adjacentes, traz-nos doces cartas escritas por pena afiada, em papel azul vinte e cinco linhas.
 
Estrelas que brilham, num céu de imenso azul recheado de reflexos do que fui, silhueta do que ainda há instantes era… sólida e serena imagem do que sou.
 
O que serei não importa. Celebremos antes: o AGORA.