Se há coisa que hoje sei que afinal me sabe bem: é a passagem dos anos.
Pensei que em determinada altura do meu crescimento, talvez sentisse alguma nostalgia pelo que fiz, pelo que gostei e que então se perdeu irremediavelmente no tempo.
Pensava eu, que talvez “gostasse de repetir algumas coisas” e que perante a óbvia impossibilidade, a tristeza se instalasse eternamente em mim.
Mas não! Afinal, quanto muito, perco-me por vezes a pensar que poderia talvez ter feito “isto ou aquilo”. Mas mesmo esse lamento, dura pequenos instantes.
Porque me lembro sempre que: “Não há tempo a perder!”
E se há coisa que os anos me trazem, é um sorriso ainda maior. Um conhecimento das situações mais apurado, uma visão mais refinada, uma paleta de cores bem mais alargada!
Sei hoje que a vida não é a preto e branco. Que o que mais há, são afinal as zonas cinzentas.
Sei hoje que o “certo e o errado” mudam em muitos aspectos da vida, consoante a perspectiva em que nos encontramos.
Sei hoje que dizermos que “é para sempre” ou que “desta água não beberei”, ainda que possa ser com a melhor das intenções e na certeza de ser o que sentimos no momento, pode afinal mais tarde mudar. E mudar mesmo drasticamente, porque tudo é impermanente.
Sei hoje que são mais importantes os olhares que se cruzam e os abraços e os beijos que se trocam, do que qualquer conquista material supérflua e que apenas produz uma falsa alegria momentânea.
Sei hoje que temos que cuidar bem do nosso corpo físico, porque ele se desgasta, envelhece e se desmorona. E que se pouco me importam quantos anos viverei, todavia me importa e muito, com que qualidade os desfrutarei…
Sei hoje que melhor do que receber é DAR! Que DAR genuinamente e sem esperar nada em troca (NADA, mesmo) é uma das maiores realizações da vida, que em si encerra a maior das recompensas que é: a sensação de paz e de fusão com o cosmos, que em nós doravante e também desta forma: se instala.
Sei hoje que meditar regularmente é das maiores revelações que podemos ter e que a espiritualidade se cultiva interiormente, alheia a qualquer religião, alheia a qualquer culto.
Sei hoje tantas coisas, que não trocava as coisas que agora sei, pelos tempos em que não sabia tantas…
Acredito que são os melhores tempos da minha vida, estes que agora vivo. Mas lá está: não digo que os que viverei não poderão vir a ser ainda melhores, porque os não conheço…
E é exactamente esse mistério deslumbrante do desconhecimento do futuro, que chega a cada instante que passa e que: por mais dor que me traga ou por menos prazer que eventualmente tenha em mim, me faz enfim sentir:
ABSOLUTAMENTE ENAMORADO PELO PRESENTE QUE ESTOU A VIVER! 😀
Celebremos a dádiva da vida TODOS OS DIAS e aprendamos, quer com a dor quer com o prazer.
São tão somente duas faces da mesma moeda, que acolho com crescente gosto, à medida que vou limitando a minha ignorância e polindo a pedra bruta. Polindo, desbastando e rectificando com afinco, sem pausas.
Experimentem.