Mas quem é que ainda não passou por isso?
Certa vez há muitos anos atrás, era eu ainda um jovem adolescente, tinha a mania de teorizar sobre muitas coisas, com um velho amigo, um verdadeiro irmão mesmo, que ainda hoje se mantém.
Questionávamos “o tudo e o nada” e à boa maneira sociológica (que acabou por se tornar a nossa área académica de intervenção) escrevíamos volta e meia alguns ensaios, que depois eram discutidos e aperfeiçoados até à exaustão.
Relembro desta vez um, produzido por mim, que era a “Teoria dos relógios dessincronizados”, que neste momento revisito, ainda que brevemente.
Dizia eu, por contraposição à tese da existência de apenas uma alma gémea ao longo da vida, que o nosso problema era: a dessincronização.
Pensemos em cada um de nós como um relógio que quando encontra outro com os ponteiros na mesma hora, se apaixona. E depois, ao longo da vida, por este ou por aquele motivo, “o relógio de um, anda a velocidades diferentes do outro”.
Ciclos que mudam pela educação, pela vivência, pela experiência, por tudo um pouco. E aí, dá-se a dessincronização.
Por hipótese, a “alma gémea” pode ser aquele(a) desconhecido(a) que connosco se cruza no caminho.
Pode ser? Bom… pode até já “ter sido” em tempos, mas ter passado(a) despercebido(a) por não nos termos cruzado quando os ponteiros “estavam afinados”. Ou poderá ainda “vir a ser”, mas de novo: nos não cruzarmos…
Por isso, no fundo, a arte é a de acompanharmos a mudança uns dos outros. A de conseguirmos permanecer em estado de contemplação e de eterna aprendizagem, respeitando a diferença e amando-a, se possível até.
Porque talvez nós mesmos já “tenhamos sido assim” ou ainda “venhamos um dia a ser”, com a inevitável mudança que ao longo da vida estamos sujeitos(as).
A vida está recheada de ensinamentos. Estamos de facto aqui para aprender!
…e quando aprendemos a arte de dominar a passagem do tempo e de consequentemente por magia o “suspender”: vivemos o amor incondicional, que não tem fim.
Porque é:
ETERNO.