Na imagem que deu que falar, Mark Zuckerberg – criador do facebook, passeia por uma conferência onde toda a gente está ligada virtualmente a outra realidade, entrando assim despreocupadamente sem dar nas vistas. Interessante a visão de um dos arautos do mundo virtual, como “o único acordado, numa plateia de adormecidos”.
Actualmente vivemos mais tempo no Real ou no Virtual?
Quanto tempo perdemos em comunicações, pela internet fora, de olhos colocados no telemóvel, na televisão, vivendo notícias, alimentando-nos de cenários?
Quantas vezes olhamos afinal para o sol, para o céu e para as estrelas? Quantas vezes passeamos apenas no jardim, oferecemos carinho a um animal que connosco se cruza, sorrimos apenas ao estranho que nos olha? Quantas vezes respiramos apenas, sorrimos e celebramos a vida?
Todos quantos permanecerem acordados, ou despertarem da intoxicação desinformativa, terão um dia o prémio pretendido: a constatação da realidade e qui ça aos poucos, mesmo da hiperrealidade. Esta última: de muito mais difícil acesso, apenas disponível em doses curtas para não matar.
A dificuldade quotidiana que nos espera, é a de fugirmos às armadilhas que nos são colocadas minuto a minuto. Instante a instante.
Um jornal. A manchete de uma revista. Um anúncio publicitário. Uma falsa notícia. Uma opinião alicerçada em coros de opiniões compradas. Títulos falsos, de universidades falsas, que legitimam sabedoria também ela inquinada. Ou medos que nos injectam. Rumores. Intrigas. Malhas de interesses. Ou ainda fotografias ou filmes, que isso dos olhos… também eles são afinal facilmente enganados. Talvez a lei. Talvez a noção do certo e do errado. Do bem e do mal. Talvez a noção de país e de fronteiras. Talvez a cor da pele. Talvez a escolha da opção sexual de cada um. Talvez a religião. Talvez o peso do dinheiro na nossa felicidade. Talvez a fatalidade de pagarmos por bens que são gratuitos. Talvez o partido. Talvez a direita por oposição à esquerda. E a esquerda por oposição à direita. Talvez as sondagens ou as estatísticas ou as tendências ou a moda ou o rumo ou o “tem que ser” ou “é inevitável”. Talvez os velhos contra os novos. Os ricos contra os pobres ou os do sul contra os do norte. Talvez o futebol. Talvez a paixão volátil por oposição ao amor. Talvez a confortável mentira, por oposição à dor que ensina.
Compreendo todos quantos preferem viver no virtual. Até eu me canso deste “real”, tão povoado de ilusões.
Ainda assim, aqui fica para meditar mais um texto reflexivo, ainda que também ele pecando por habitar este mundo virtual, mas com a desculpável bondade de pretender despertar consciências.
Está triste ou angustiado? Deprimido, entediado ou fatigado? Escolha a sua ilusão e divirta-se!
(eu acho que vou ver o mar um pouco, antes de continuar o meu dia)