#7 Remédio amargo I

Ao ver esta fotografia da Associação ProToiro (que é afinal uma Federação que defende as touradas… de rir, não?), lembrei-me.


Não sei se corresponde a números verdadeiros, se é um estudo validado, se foi mesmo um inquérito feito aos portugueses e que reflicta o sentimento nacional.


Se assim é, LAMENTO. Mas, num país onde nem sempre estou de acordo com a maioria, não será de espantar uma vez mais ir contra a corrente.


Liberdade de matar e de torturar, para mim não pode ser a liberdade eticamente promovida! Direitos acarretam deveres e parece-me que já deveríamos, também neste aspecto, ter saído da idade média.


Compreendo, (ainda que cada vez com maior dificuldade, confesso), a morte de animais para alimentação, sempre se efectuada com processos com o mínimo de dor e envolvendo dignidade.


Condeno pois todas as formas de subjugação dos animais, (tirando o auxílio ao homem em tarefas agrícolas), nomeadamente as lutas provocadas e motivadas para apostas e neste caso particular: nas touradas. 


Lembremos até, que animal é afinal o touro. 


Trata-se de um animal que em campo é normalmente pacífico e gregário,como todos os herbívoros.


Sofre alterações de ânimo, (mesmo no campo), se lhe for vedado o acesso a algum local ou se for vencido numa luta com companheiros de manada, em períodos de cio.


Aí, adquire uma especial animosidade e torna-se perigoso, mesmo para os campinos a quem normalmente obedece com docilidade.


Dirão uns, portanto, que os “touros das touradas” são os bravos, por contraponto aos mansos.


Mas… porque investe o touro? Investe naturalmente pela situação de perigo em que se vê afastado do seu habitat, por se encontrar encerrado num recinto fechado, com luz, ruído e gritos do público.


Enfim. Estudei em sociologia, há muitos anos atrás, que um dos traços de estudo do carácter evolutivo de uma sociedade, é sem dúvida a forma como trata os seus animais.


Dirão alguns, que as touradas permitem que os touros continuem a existir, que a criação de gado prospere… direi eu, que se o touro é criado para ser morto num espectáculo, mais valia não nascer.


Parece-me que o essencial está dito.


Já sei que o remédio foi amargo e que nem todos vão gostar dele. Já vos tinha avisado…


Já tomaram? Podem continuar a assobiar para o lado.